domingo, 21 de janeiro de 2024
NÃO FALTA NADA
LEMBRANÇAS
Vivemos um Paraíso enquanto nos amamos
E tudo na vida tinha algo de belo e doce
Mas, aos poucos, o Paraíso acabou-se
E o que seria eterno, num instante, injuriamos.
Se de almas gémeas tornamos rivais
E vemo-nos pela rua como gato e rato,
Quem lembrará e será tão grato
Por esse tempo que vivemos como casais?
Eu guardo comigo grandes lições de vida,
Também guardo comigo grandes momentos...
Faça revisão dos seus antigos sentimentos...
Quem sorria p'ra mim, toda florida?!
Saiba que, enquanto eu viver e tu víveres,
Haverá sempre algo que nos torne semelhantes:
(não olhe p'ra o lado das coisas humilhantes)
- Lembraremos os mesmos beijos...os mesmos prazeres.
Octaviano Joba
SILÊNCIO E ESCURIDÃO
Ao cego que não pode ver
A forma das coisas em seu redor;
A beleza doce duma linda flor;
A Geometria divina das coisas naturais
A Natureza florida...praias, rios, mangais;
As paisagens... savanas e prados;
A abundância dos campos lavrados;
A verdade no rosto de quem mente;
A mentira embrulhada num presente...
...ao cego que não pode ver...
Tudo lhe-é treva...espessa escuridão.
Ao surdo que não pode ouvir
O som intenso e estridente dum trovão;
A melodia cativante duma linda canção;
O grito de dor aflita duma mãe que chora;
O choro de um homem que, ajoelhado, implora;
O rugido duma fera furiosa em arrelia;
A promessa expressa, mais linda que poesia...
...ao surdo que não pode ouvir...
Tudo lhe-é silêncio...eterno silêncio.
Quantos de nós, no decorrer dos dias,
De olhos vivos, acesos, e ardentes,
Somos cegos ao amor que nos rodeia?
Quantos de nós, nas nossas utopias,
De ouvidos vivos, abertos e presentes
Somos surdos às vozes em apneia?
― Muitos! Muitos!
Octaviano Joba
LÊ-SE: ESTRESSE
O ócio é sócio da preguiça
Preguiça que atiça ou iça
A desgraça saça sem graça...
Traça, não faça fogo ou fumaça
Na nossa praça...! Saciou cachaça?!
Cansamos com caçoada...trapaça!
Cansamos com caçada...mordaça!
Cansamos com "balançada"...murraça!
Cansamos com palhaçada...matança!
Justiça dança que dança na balança
Mas balança não é bonança
E bonança não é criança... mudança:
A verdade tem dono? Tem?
Ou é de ninguém!
Passa, traça! Passa!
Que não sou papagaio da sua laia...Caia!
Passa, traça! passa!
Que, de medo, aqui, ninguém desmaia...Vaia!
Queriam que eu fosse vigoroso corvo
Venerando o vetusto verdugo venenoso...
Queriam que eu fosse parvo corvo
Bebendo aos sorvos o ovo cheio de gema,
Porém, já faz tempo que estou ensopado
Empapado pelos "gordos sapos que engoli..."
Embriagado gado babado pelo futuro que nunca vi...
Vai, tosca mosca! Vai! Que eu já me defini:
Eu sou mais eu(...) e eu nunca me vendi!
Não me peçam paciência
Porque tudo explodiu.
Não me peçam eloquência
Porque alguém me cuspiu...
E esse alguém relaxa: amêijoa na concha (...)
Xis: primeira bolacha última da caixa;
Enquanto eu, coxeando na roça,
De coxa roxa na rocha,
Sem feijão nem carvão,
Sem limão nem pão,
Sem galinha nem farinha,
Sem papinha nem chiguinha
Sem peixe em cash,
Sem arroz nem voz,
Eu, sem cambalacho mortiço,
Atiço às minhas forças para livrar-me da forca...
Da fome que me consome... e não some!
Porém uma coisa vou dizer, sim
(E sempre pensei nisso):
− Que se lixe o luxo do Chico no lixo!
E, tendo dito assim,
Espero que quem esteja lixado
(Ou linchado) não seja eu, o bicho!
− Mééé! Mééé! Mééé! (Este sou eu, cabrito chorante).
Mas chorar com chocolate no bucho é chilique chique
E "se pique no olho" quem acha que é chocante
A incessante pérola chamada Moçambique(...)
Octaviano Joba
POR QUÊ TANTO PRANTO NO CANTO DO OLHO?
Tanto pranto no canto do olho.— Cansaço!
Tanto Desencanto num pranto só
Tanto poço. . . Laço no pescoço. . . Tanto nó
Tanto pó, estilhaço, caco. . . Tanto bagaço.
A gente sente na mente a corrente
Desse estresse que aquece e enlouquece,
Desvanesse e enfraquece a prece
E o amor que outrora fora vivo e quente.
Gente. . .!!! Porque tanto tédio e ódio no peito?!
Tanto tempo tentando atormentar o outro. . .!
Tanto mostro, tanto rosto tostado, coração frouxo!
Tanto desgosto, tanto rosto tosco com gosto ignoto,
Com gosto de esgoto nesta triste foto. . . Rosto roto!
Por quê este leito feito de lágrimas! Tudo desfeito!
Está feito, sim. . . P'ra mim, o jardim virou capim
E o que era Pirlim Pim Pim de tintim por tintim
Agora virou festim de piri-piri, siriri (cupim) e rum tão ruim
Roendo o rim. . . Berbequim nas mãos de Caim,
Enfim, o que era azul, Anjos (Serafim), virou carmim,
E vejo-me, assim, no princípio do precipício, sim,
Chorando todo roxo com a cara inchada.— Fim.
Octaviano Joba
Data: 13-18/07/2022
Siriri— [Entomologia] Nome popular em algumas regiões do Brasil dado às formas aladas de cupins, que aparecem em grande quantidade por ocasião da revoada, largando as asas pelo chão.
Fonte: https://www.google.com/amp/s/www.dicio
nario.info/amp.php%3fnome=siriri
REALIDADE
Sonhei que o mundo era doce. . . Lindo,
Infindo, —sem princípio nem fim—,
Jardim, flores. . . Pássaros sorrindo,
Bramindo o mar. . . Anjos. . . Serafim. . .
Assim tudo tão lindo, tão perfeito. . .
Um leito de rio a correr de mansinho. . .
Sozinho sorria alegre o meu peito
Dum jeito que parecia um Anjinho. . .
. . . alinho-me nesse sonho. . . Canto. . .
Tanto quanto o meu doce delírio…
Colírio em mim — Flor. . . Encanto. . .
Espanto-me quando abro a cortina. . .
Retina quebrada. . . Murcha o lírio:
Martírio, tiro, fumo e mina. . .
Octaviano Joba
POESIA D
Deus no céu e na terra. . .
Diabo quer é fazer guerra.
Deus coloriu a paisagem. . .
Diabo fez a aragem.
Deus fez é o verdadeiro amor. . .
Diabo, a hipocrisia e o rancor.
Deus nos amou, nos ama. . .
Diabo nos chama pra a chama.
Deus é Pai do Universo…
Diabo. . . —o inverso.
Deus enviou-nos os Anjos. . .
Diabo fez são "rearranjos".
Deus é Divino, todo Poderoso. . .
Diabo é espinho desastroso.
Deus fez a linda mãe Eva. . .
Diabo aliciou-a com as trevas.
Deus é calmo, paciente. . .
Diabo é um jumento demente.
Deus é a mais bela poesia. . .
Diabo, a mais feia hipocrisia.
Deus tem para mim a salvação. . .
Diabo gosta é lançar-no ao carvão(. . .)
Agosto de 2018
Octaviano Joba
MEU MUNDO
Pensando bem, lá bem no fundo
Tu és o meu infindo mundo
Um mundo lindo sorrindo. . .
E este amor profundo
Oriundo de mim
É um mar sem fim
Enfim, sinto-me jucundo e fecundo. . .
Eu sou eu e tu és o meu mundo
Assim, juntos,
Como o mundo em Raimundo e Edmundo:
Enfim, abundas em mim
Tanto quanto abundo em ti. . .
Resides nos meus pensamentos de segundo em segundo
E eu vivo em ti porque és o meu mundo. . .
Sou apenas um vagabundo moribundo,
Imundo, não!
Furibundo, também não!
Sou a luz silenciosa do meu coração
Querendo dizer–te: Paixão!
Aprofundo cada vez mais este amor profundo
Lapido–o. . . Vou mais fundo,
E sinto-me tão fecundo quanto jucundo. . .
Jucundo junto de ti, o meu mundo!
Octaviano Joba
24/08/2022
PORTA É PORTA
Porta-moedas
— Não é porta.
Porta-malas
— Não é porta.
Porta-luvas
— Não é porta.
Porta-livros
— Não é porta.
Porta-lápis
— Não é porta.
Porta-jóias
— Não é porta.
Porta-retratos
— Não é porta.
Porta-voz
— Não é porta.
Porta é sempre porta
E comporta-se como porta.
Octaviano Joba
Agosto de 2018
SE EU FOSSE
—És um passarinho!
Diz a minha mãezinha.
— És um Anjinho!
Diz a minha avozinha.
Mas se eu fosse um passarinho
Ou Anjinho…
Voaria até à Lua.
Sou apenas um menininho. . .
— Coitadinho!
Só sei voar até à rua.
Octaviano Joba
Agosto de 2018
SONHO
Sempre sonho com um papel
E uma caneta na mão. . .
Às vezes, com um pincel
Pintando num papelão. . .
E faço letras gigantes
Que parecem ondas do mar. . .
Os desenhos são tão brilhantes
Que podem iluminar. . .
Octaviano Joba
Agosto de 2018
A AMIZADE
O menino parou e sorriu,
A menina olhou e tossiu,
A mãe do primeiro olhou…
E a da segunda saudou…
Assim começou a amizade
De dois meninos no jardim:
O menino chama-se Andrade,
E a menina, Lasmim.
A mãe do primeiro chama-se Maria
E a da segunda, Jacinta;
O menino adora escrever poesia,
A menina. . . Advinhem...! —Pinta.
Octaviano Joba
Agosto de 2018
LIÇÃO II
Chamam-me de louco
Porque rio com os meus poemas
Mas não entendem, nem pouco,
Que resolvo os meus problemas.
Octaviano Joba
Agosto de 2018
LIÇÃO I
Não sei o que é verso
Muito menos o que é poema. . .
Este meu problema
Tem tamanho do Universo.
Octaviano Joba
Agosto de 2018
RETRATO DE UM SONHADOR
Sou o que sempre fui, — eu mesmo.
E para sempre serei único e igual.
Não sou guiado pelo vento, não vivo à esmo.
Serei igual ao que sou e fui: natural.
Transformo-me na melhor versão de mim
Passando de geração em geração. . .
Para tudo há Começo, Meio e Fim;
Também seguirá esta ordem o meu coração.
Quem disser que sou mau que o diga:
Até Jesus foi entregue pelos seus. . .
A amizade é uma semente, uma espiga,
A da parábola que Jesus aprendeu de Deus.
Valorizo a beleza e simplicidade da Natureza:
Sou tão igual à qualquer indígena .
Sobre o futuro, evito ter absoluta certeza
Como esse que se expressa como alienígena.
Tento ser humano, e o sou. . . Sou honesto:
Só engano a mim mesmo nas horas vagas.
Uns dizem que valho, outros, que não presto,
E é por isso que me lançam pragas.
13/11/2023
Octaviano Joba
HOMENAGEM À UM HERÓI (2) (Poema infinito para Azagaia)
sábado, 30 de julho de 2022
POEMA DO DITO PATRÃO (EM COMBUSTÃO)
Há coisas que não têm explicação:
Porque é que, sendo eu o patrão,
Vivo de migalhas, de grão em grao,
Sobrevivo às navalhas no meu coração,
Vejo mortalhas em toda a direção
Prevejo falhas planificadss com precisão,
Ando empoeirado, se arrastando pelo chao,
Pranto empoleirado, bem vazia a minha mão.
Há coisas que não tem explicação:
Porque é que, sendo eu o patrão,
Sou fruto da frieza e da exploração,
Produto do abandono que quem jurou paixão,
Só é certa a incerteza, a morte e o caixão.
Tudo cheira a mofo, a fornalha, a combustão. . .
O Cabo em chamas, o Centro é Paquistão,
O futuro é incerto, alegria é só quinhão,
Desiquilibrio na balança, injustiça na equação,
Delírio, matança. . . Preguiça e desilusão,
O lírio é criança murchando sem pão!
Há coisas que não tem explicação:
Porque que é que, sendo eu o patrão,
Tenho Liberdade vigiada, que é uma prisão,
Migalhas mensais a que chamam de pensão,
. . . Promessa adiada, que já virou canção. . .
Não importa a fome de Joaquim, Jorge ou João,
Só há pressa na eleição, leilão e usurpação. . .
Quando digo eu, digo todos: — A população,
Essa sociedade assassinada, latindo como cão:
Direitos desfeitos, sem Saúde nem Educação. . .
Igrejas autorizadas a vender a Salvação,
Cervejas geladas, embriaguez, perdição,
Bondade simulada do multicolor camaleão,
Verdade assustada. . . Silêncio e escuridão. . .
Hipocrisia na cara do crocodilo chorão. . .
No leão vegetariano não acredito, eu não!
Estou nas calmas. . . Calmíssimo, meu irmão,
Mas não queiram acordar este feio leão,
Este dragão faminto, para uma Revolução. . .
quarta-feira, 29 de junho de 2022
Lê-se: Estresse
O ócio é sócio da preguiça
Preguiça que atiça ou iça
A desgraça saça sem graça...
Traça, não faça fogo ou fumaça
Na nossa praça...! Saciou cachaça?!
Cansamos com caçoada...trapaça!
Cansamos com caçada...mordaça!
Cansamos com "balançada"...murraça!
Cansamos com palhaçada...matança!
Justiça dança que dança na balança
Mas balança não é bonança
E bonança não é criança... mudança:
A verdade tem dono? Tem?
Ou é de ninguém!
Passa, traça! Passa!
Que não sou papagaio da sua laia...Caia!
Passa, traça! passa!
Que, de medo, aqui, ninguém desmaia...Vaia!
Queriam que eu fosse vigoroso corvo
Venerando o vetusto verdugo venenoso...
Queriam que eu fosse parvo corvo
Bebendo aos sorvos o ovo cheio de gema,
Porém, já faz tempo que estou ensopado
Empapado pelos "gordos sapos que engoli..."
Embriagado gado babado pelo futuro que nunca vi...
Vai, tosca mosca! Vai! Que eu já me defini:
Eu sou mais eu(...) e eu nunca me vendi!
Não me peçam paciência
Porque tudo explodiu.
Não me peçam eloquência
Porque alguém me cuspiu...
E esse alguém relaxa: amêijoa na concha (...)
Xis: primeira bolacha última da caixa;
Enquanto eu, coxeando na roça,
De coxa roxa na rocha,
Sem feijão nem carvão,
Sem limão nem pão,
Sem galinha nem farinha,
Sem papinha nem chiguinha
Sem peixe em cash,
Sem arroz nem voz,
Eu, sem cambalacho mortiço,
Atiço às minhas forças para livrar-me da forca...
Da fome que me consome... e não some!
Mas uma coisa vou dizer, sim
(E sempre pensei nisso):
− Que se lixe o luxo do Chico no lixo!
E, tendo dito assim,
Espero que quem esteja lixado
(Ou linchado) não seja eu, o bicho!
− Mééé! Mééé! Mééé! (Este sou eu, chorando)
Mas chorar com chocolate no bucho é chilique chique
E "se pique no olho" quem acha que é chocante
A incessante pérola chamada Moçambique(...)
Octaviano Joba
Imagem: Google
SILÊNCIO E ESCURIDÃO
Ao cego que não pode ver
A forma das coisas em seu redor;
A beleza doce duma linda flor;
A Geometria divina das coisas naturais
A Natureza florida...praias, rios, mangais;
As paisagens... savanas e prados;
A abundância dos campos lavrados;
A verdade no rosto de quem mente;
A mentira embrulhada num presente...
...ao cego que não pode ver...
Tudo lhe-é treva...espessa escuridão.
Ao surdo que não pode ouvir
O som intenso e estridente dum trovão;
A melodia cativante duma linda canção;
O grito de dor aflita duma mãe que chora;
O choro de um homem que, ajoelhado, implora;
O rugido duma fera furiosa em arrelia;
A promessa expressa, mais linda que poesia...
...ao surdo que não pode ouvir...
Tudo lhe-é silêncio...eterno silêncio.
Quantos de nós, no decorrer dos dias,
De olhos vivos, acesos, e ardentes,
Somos cegos ao amor que nos rodeia?
Quantos de nós, nas nossas utopias,
De ouvidos vivos, abertos e presentes
Somos surdos às vozes em apneia?
― Muitos! Muitos!
Octaviano Joba
sexta-feira, 24 de junho de 2022
HOMENAGEM A UM HERÓI (Poema Infinito para Samora Machel)
HOMENAGEM A UM HERÓI (Poema Infinito para Samora Machel)
Num ambiente campestre, de linda paisagem
De algum rio florido, talvez, à margem
Nasceu um generoso menimo– O personagem–
Duma linhagem de guerreiros de coragem
Que, vindo do futuro, como uma divina triagem,
Escalou a pérola, a qual vemo-la no Além,
Pálida. . . fugindo-nos veloz como trem. . .
Enquanto menino, entre a miudagem,
Dedicou-se à pastagem e à aprendizagem. . .
Dominou a ciência e a técnica. . . a linguagem. . .
Fez-se homem íntegro, determinado. . . de coragem,
Trabalhou no hospital(. . . ) na Enfermagem. . .
Gentil–homem, generoso. . . de coragem,
Que,– tendo ingressado nas fileiras–, na triagem,
Surpreendeu o mundo co'a sua imagem
Tão subtil quanto ao amor. . . a linguagem. . .
Tão destemida quanto a força. . . a mensagem
Que deixou-nos numa inviolável embalagem
E recordamo-la tristemente, sobretudo na miragem,
Nesta falsa aragem onde falta-nos coragem
Para dizer "Abaixo. . .!":– Abaixo a sabotagem!
– Abaixo ao igoismo e à clivagem!
– Abaixo ao tribalismo e à boicotarem!
– Abaixo ao regionalismo e à malandragem!
– Abaixo ao cabritismo e à inveja que nos aleija!
– Chega aos insensíveis, e aos que agem
Tirando sempre vantagem na estiagem
Enquanto os nossos olhos, como uma barragem,
Derramam lágrimas na filmagem e reportagem!
– Chega "aos que não se agitam", nem reagem
Quando os sanguessugas sugam o sangue
E a desgraça vai e vem como um bumerangue!
– Chega ao excesso de luxo no lixo. . . Exangue
é o povo descalço, a pé. . . de bicicleta–mustang
Amaldiçoando um tal de . . . "Pedro–Xang"
Nesta triste tristeza transformada em tatuagem. . .
Esta tristeza que temo-la em alta voltagem,
Está esperança que temo-la em mínima dosagem;
O amor ao que nos une e edifica, idem;
A riqueza que devia nos sustentar e alegrar, ibidem. . .
Nasceu. . . assim, no chão da Pátria, como vagem
E de folha em folha fez-se a fresca folhagem. . .
Cresceu. . . Formou-se
Transformou-se
Tornou-se robusto. . . fez-se a ramagem,
E, sem paragem, sonhou com uma paisagem
Que fosse para todos na mesma dosagem:
Para todas as gerações. . . até para A da "Viragem" . . .
Sonhou com o respeito, a dignidade;
Sonhou com o amor, a liberdade;
Sonhou com a honestidade, a verdade. . .
E vão nesta carruagem
A integridade, a justiça e a Unidade (. . .)
Porém, voltando p'ra o aconchego. . . pasmem:
Da inadiável viagem, depois da decolagem,
Vindo. . . Veio vindo, calma e tranquilamente. . .
No entanto, num instante, de repente,
Na planagem da águia metálica. . . da fuselagem,
Ouve-se um baque estranho na aparelhagem:
Caos na pilotagem. . .
Regressiva contagem. . .
Derrapagem na aterragem. . .
E, assim, sem travagem,
Foi-se o gentil-homem nessa curta-metragem
Que bem queria, o povo, que fosse longa. . .
E, sem mais delongas,
Vai nesta singela homenagem
Onde, – depois de uma inconclusiva peritagem–,
Fica o seu nome, a História, e a mensagem
De ter sido um visionário na sua abordagem. . .
Hoje ouço o seu silêncio na praça. . . coragem!!!
E, vendo-me aqui, assim, numa nova roupagem
E maquiagem,
Escrevendo e lendo em sua homenagem
Apetece-lhe acordar e fazer uma reciclagem
Deste nosso "amor à Pátria" que parece picotagem. . .
Esta Pátria que vendemo-la ao preço de. . . bobagem!
Octaviano Joba