domingo, 21 de janeiro de 2024

PORQUÊ?


Por quê me olhas assim tão perturbada

Com esse ar que inspira vilania?

Por quê abraças tão forte a agonia,

Se sorriste,- enquanto chorei-, pela palmada?!


Por quê me deseja, desditosa, o desdém

E quer que eu vá p'ra lá, p'ra o Inferno?

Por quê é que, desse amor que era eterno,

Quer que eu morra, vá p'ra o Quente Além?!


Por quê o ódio, tamanha judiação?

Por quê esse bloco de rancor no seu ventre?

Veja o lado bom da vida...se concentre!

Talvez brilhe p'ra si uma nova paixão...


Por quê andas triste, de tropeço em tropeço,

Rogando a Deus de segundo em segundo?

Por quê destruiste tão cedo o seu mundo

E hoje pagas em prestações o triste preço?


Por quê esse riso adolescente tornado pranto

Escraviza o seu peito de mulher que és?

Vejo um lago de lágrimas em seus pés 

Enquanto ensaio um Salmo, um canto...


Se acaso passo por ti, finges que não me vês 

E eu engulo a seco esse amargo desprezo

Mas, todos os dias, em silêncio, eu rezo

Que um dia descubras as respostas dos "porquês".


Octaviano Joba

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